sábado, 21 de maio de 2011

Sessão Indie/Cult.

Devido a boa receptividade da minha primeira postagem com uma dica de filme, aproveito a chegada do final de semana para sugerir alguns títulos que eu vi, gostei e indico.
Todos tem uma característica em comum, ou fazem o gênero cult, que por definição é "a denominação dada aos produtos da cultura popular que possuam um grupo de fãs ávidos. Geralmente, algo cult continua a ter admiradores e consumidores mesmo após não estar mais em evidência", ou seja cult significa cultuar aquilo que se aprecia ou o gêrero Indie, do inglês é a abreviação (no diminutivo) de independent (em Português, independente)e se aplica, na indústria de artes e performance, para os músicos, produtores e artistas que ainda não tem contratos de press and distribution (PD, ou imprimir e distribuir) e lançam os seus projetos independentemente.

Eles são conhecidos apenas por um grupo restrito de pessoas ou menosprezados por quem, literalmente, os julgam pela capa.

Obs: Contém spoilers!

1- Elephant
“Como é horrível e belo o dia que ainda não vi”


Filme norte-americano de 2003, dirigido por Gus Van Sant. No Festival de Cinema de Cannes do mesmo ano, Gus Van Sant ganhou o prémio de Melhor Realizador e o filme foi o vencedor da Palma de Ouro.

O filme retrata um dia supostamente comum na vida de estudantes em uma escola americana, sob a ótica de diferentes alunos. O que eles lanchavam, o tipo de conversa que tinham, os planos, os sonhos, as tarefas escolares, o treino do time. Um dia normal, com exceção de que não era.
Enquanto a maioria fazia suas atividades, dois alunos que haviam faltado aula, adentraram na escola com armas e um objetivo: Matar a maior quantidade de pessoas possível.
Spoiler.


A grande sacada do Van Sant nesse filme foi manter o suspense de quem iria morrer e quem iria escapar até o final. O espectador se identifica com as situações e cria empatia pelos personagens e é angustiante vê-los levando um tiro enquanto lêem um livro na biblioteca. Sim, isso foi um spoiler. Os personagens são cativantes, a “nerd esquisita”, o fotografo, os meninos que piraram revoltados com o Bullying e, para mim, o mais especial é John, o loirinho que estampa quase todos os pôsteres do filme. Ele é estressado ao extremo devido aos problemas com o pai alcoólatra, com a escola, só que ao contrário dos rapazes psicóticos ele encara isso de uma forma mais suave. Chora em silêncio, brinca com um cachorro na hora do intervalo, longe daquele mundo humano cheio de problemas. Ele é tão da paz que os meninos quando chegam na escola, mandam ele ir embora “porque uma coisa ruim iria acontecer”.



MAS POR QUE “ELEPHANT”??? O que um elefante tem haver com tudo isso???
O Titulo se refere a uma antiga parábola budista “O elefante do Rajá ” sobre um grupo de cegos examinando diferentes partes de um elefante. Nessa parábola, cada cego afirma convictamente que compreende a natureza do animal com base tão-somente na parte que lhe chega ao tato (um tocou a perna, outro a tromba, outro a barriga, outro o marfim e o outro a calda). Ninguém vê ou sente o objeto na sua totalidade, mas todos arriscam um palpite totalizante – e, naturalmente, equivocado.



Assim é o filme, cada aluno tem sua visão, mas só observando o conjunto dessas visões é que se entende o desfecho.
A obra é “Tão facilmente ignorável quanto um elefante na sala de estar”, também foi uma das associações ao título do filme.

Inspirado no verídico Massacre de Columbine.



Corra, Lola, corra
“Roubaram minha lambreta”



É um filme alemão de 1998 dirigido por Tom Tykwer.
Manni, o coletor de uma quadrilha de contrabandistas, esquece no metrô uma sacola com 100.000 marcos [moeda alemã] Ele só tem 20 minutos para recuperar o dinheiro ou irá confrontar a ira do seu chefe, Ronnie, um perigoso criminoso. Desesperado, Manni telefona para Lola, sua namorada, que vê como única solução pedir ajuda para seu pai, que é presidente de um banco. Assim, Lola corre através das ruas de Berlim.

A sinopse poderia ser considerada simples. Uma mulher tem que atravessar a cidade, conseguir 100.000 em dinheiro e levar para o namorado no local combinado. Tudo em 20 minutos!
O diferencial desse filme é o modo como a história foi conduzida. Temos de tudo, desde cenas de animação a flashbacks e colagens fotográficas.


O destaque em Corra, Lola, corra certamente é o TEMPO e sua influencia em nossa vida. Todas as conseqüências de nossas escolhas e situações vividas ao acaso. Como 20 minutos mudam completamente uma vida e podem ser a diferença entre tudo dar certo e tudo dar errado. Cada detalhe altera o todo. Por isso cada evento vivido por Lola modifica o final de sua pequena aventura pelas ruas de Berlim e cabe a nós escolher o que desejamos entre os 3 apresentados. Além do mergulho nas cores e nas músicas deste filme temos também um momento de epifania. Perguntas como “E se eu tivesse ido aquela festa,” “O que teria acontecido se eu tivesse pego aquele ônibus” ou “café ou chá?” , começam a surgir em nossas mentes, tudo passa a ter importância, pelo menos nas horas seguintes ao término do filme.
É europeu e é despretensioso e divertido. Podem confiar.


Sucker Punch :Mundo Surreal
“Você tem todas as armas que precisa. Agora lute!”


É um filme americano, do diretor Zack Snyder. Ambientando na década de 50, uma garota é internada em um sanatório pelo seu padrasto ganancioso, o qual pretende ser o único herdeiro da fortuna deixada por sua mãe. Dali em diante, ela passa a enfrentar terapias dolorosas, além da ameaça de que em 5 dias passará por uma sessão delobotomia. Diante do medo, sua única saída será refugiar-se em sua própria mente, onde criará uma realidade alternativa em que o sanatório.

Esse filme é o típico “ou você ama ou você odeia”, por isso eu estou considerando ele um “candidato a Cult”, ele é mega recente e nem deu tempo de mensurar as críticas e elogios e principlmente se depois de um ou dois anos alguém lembre que viu esse filme, mas não duvido nada que nas próximas comic-con terão algumas “Baby Dolls” desfilando entre os nerd e geeks em geral.




Concordo que houve um exagero nas cenas de lutas, nas quais elas iam para mundos diferentes e repletos de dragões, robôs, samurais, nazistas e armamento pesado a fim de poderem escapar, mas admito que apesar de tudo: Faz sentido.



Imaginação não tem que seguir lógica nenhuma. A garota está presa em um sanatório e precisa conseguir um mapa, algo que faça fogo, uma chave, uma faca e o quinto elemento que é será sua motivação, e este permanece incógnito até o final do filme. Ela transforma, em sua mente, o sanatório em bordel [talvez porque se sinta manipulada e usada com toda aquela situação] e cada vez que vai em busca de um dos objetos cria em sua cabeça a “luta” que lhe parece mais condizente com o momento. Não, não é A ORIGEM, não são camadas de sonhos. É imaginação!
Quantas vezes, nós, estamos imaginando uma coisa, do nada temos outro pensamento e as vezes até esquecemos como tudo começou?
Quantas vezes, nós, não damos um “upgrade” em alguma situação chata, imaginando como isso ou aquilo a tornariam interessante ou pensamos que “se tal coisa acontecesse seria muito legal”.
Pois essas são justamente as armas de Baby Doll, ao imaginar, por exemplo, os três gigantes que ela enfrentou e venceu, que no “bordel” eram os homens que a observavam dançar e no mundo real deviam ser os funcionários do sanatório. Mas e a dança? O QUE ERA A DANÇA?
Pelo contexto seria a tal terapia polonesa. Era onde sua imaginação fluía.
Eu gostei, não foi o filme que eu mais amei, mas valeu a pena porque ele foge dos padrões até no seu final surpreendente. A mais forte, que agüentou aquilo por meses para não largar a irmã, sobrevive, e a mocinha, que não tinha para onde voltar, fica em “seu mundo” para sempre.
O comparsa do padrasto vai preso e grita que vai entregar o verdadeiro culpado por tudo aquilo. Ou seja: De um modo bem torto, o final de todos foi como devia ser, por mais triste que fiquemos por Baby Doll.


Bem, é isso. O próximo post será sobre o excelente Donnie Darko, o filme é tão bom quanto complexo, por isso vai merecer um post exclusivo. Beijos e até a próxima!

3 comentários:

  1. O Sucker Punch parece ser bem legal e criativo,já estava com vontade de assistir,agora estou mais convencida que realmente vale a pena. =D

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  2. Muito boas sugestões! Da vontade de ler todos. Fiquei curiosa principalmente com o suspense do 1o. O filme parece ser mto enigmático.
    E adorei o jeito como vc escreve, mto bom blog!
    bjs

    www.vidalivrosepensamentos.blogspot.com

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  3. Assisti Elephant, é simplesmente perfeito, o Gus Van Sant realmente consegue passar uma aflição pra quem assiste, só fiquei em dúvida se o fotógrafo morre.

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